Mãe sempre é culpada! | Mamãe Recomenda

30 de junho de 2010

Mãe sempre é culpada!

Eu adoro os textos da Danuza Leão. São ótimos e verdadeiros. Algumas vezes acho que ela está falando de mim, identificação total. Quando eu crescer, quero ser como ela.
Algo em mim, briga comigo, quando não uso minhas próprias palavras para descrever algo que gosto. Mas, Danuza Leão não dá! É tudo perfeito, e se eu fosse usar minhas palavras para contar, usaria as dela.
Então hoje, faço das palavras de Danuza Leão, as minhas palavras. E vice-versa.


 

"Mãe, este eterno problema"
                             por Danuza Leão
"Mãe é um assunto complicado, isso para dizer o mínimo. Ela está (nós estamos) sempre constrangendo, aborrecendo ou perturbando os filhos, seja qual for o seu (o nosso) comportamento. 
Digamos que se trate de uma mãe do tipo caseiro, que passa a semana pensando no domingo, quando vai ter o prazer de almoçar com seus queridos rebentos. Feliz da vida, prepara os pratos e as sobremesas de que eles mais gostam, mal sabendo ela que, desde a sexta-feira, seus filhos adorados só têm um pensamento: "Mas que chatura a obrigação desses almoços de domingo". 
E, se são casados, ainda contam com a inestimável colaboração das noras. Como arranjar uma desculpa é difícil - e a culpa não deixa -, só dá para escapar no dia dos jogos da seleção; tirando esses, eles vão, mas avisam logo que têm que sair cedo para buscar as crianças no cinema (essas, desde os 4 anos, se recusam a ir). E começa o festival: "Vai comer só isso? Não vai nem tocar na sobremesa, aquela que você adorava?" Mãe não acredita em dieta, e os filhos são obrigados a comer de tudo, para que ela não sofra. Porque não passa pela cabeça de uma só mãe do planeta que seu filho,  já com mais de 30, prefere um sushi a um frango assado. Ah, se ela soubesse quanto eles  gostariam de modificá-la.... Filhos sempre querem que a mãe seja o contrário do que é. Uns gostariam que ela telefonasse cancelando o almoço porque vai ao jóquei com um amigo fazer uma fezinha. Que felicidade seria se tivesse vida própria, se encontrasse prazeres em outras coisas que não apenas eles, que fosse vaidosa, que só pensasse em roupas, maquiagem e dieta. E há a que tem horror à cozinha. Quando o filho telefona perguntando "dá para descolar um frango?", responde: "Na geladeira só tem iogurte, mas sempre se pode pedir uma pizza". Isso se ela não disser que não vai dar porque o namorado irá dormir lá naquela noite. Esse filho também sofre, e com razão: não tem a mãe que queria ter - a tradicional, que está sempre em casa à disposição para ouvir os problemas e que não pensa em outra coisa a não ser nele. Ah, como ele gostaria que essa mãe deixasse os cabelos grisalhos num discreto coque e usasse sempre um colarzinho de pérolas. Mas não: ela parece muito mais jovem do que ele, só anda de salto alto, e sua turma, com quem toma várias caipirinhas no fim de semana, é o que se chama da pesada. 
De vez em quando, ela faz uma viagem, sem nem avisar, e nunca diz com quem foi: fins de semana em Buenos Aires, São Paulo, até Foz do Iguaçu. Ela é distraída, nunca se lembra dos aniversários dos netos e não compra um só presente de Natal - e também não quer receber. Dessa mãe, os filhos só se queixam: ela é egoísta, só pensa nela, é incapaz de fazer aquelas mínimas coisas que qualquer mãe, qualquer uma, gosta de fazer - ficar com os netos enquanto os pais viajam, por exemplo. Esses filhos se sentem carentes e rejeitados e passam a vida de divã em divã se queixando do quanto são infelizes - por culpa dela, claro. 
Não existe mãe perfeita; temos que reconhecer que nascemos para ser um eterno problema para nossos filhos e que assim será para todo o sempre, amém. "

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