A imaginação transforma a realidade | Mamãe Recomenda

26 de agosto de 2010

A imaginação transforma a realidade

Nossas crianças não têm mais imaginação. Já havia notado esse problema na minha casa, mas, dando aulas para outras crianças, notei que isso também ocorre com elas. Conversando com as professoras da escola, elas também me relataram o mesmo problema: elas sentem uma dificuldade enorme em ver as coisas naturalmente através do olhar da criatividade.
imaginação
Jan Von Holleben 

"Tudo que um homem pode imaginar outros homens poderão realizar."  Julio Verne



A função da tecnologia é facilitar nossa vida, ampliar nossas opções de comunicação. Temos acesso às informações com variados pontos de vista. Não dá para negar a maravilha disso tudo. Porém, as crianças são expostas à tecnologia cada vez mais cedo. Recebem muitas informações antecipadamente desnecessárias para o seu desenvolvimento. Assim, passam a seguir padrões de comportamento, que não condizem com sua faixa etária. Nossas crianças estão deixando de serem crianças!
sangue
Mark Ryden
Nota-se a precoce preocupação com a aparência, o consumismo, o egocentrismo exarcebado, a futilidade e agressividade gratuita. Isso tudo cada vez mais cedo. Quando são oferecidas atividades lúdicas, onde eles precisam abstrair desses conceitos, eles não conseguem deixar a imaginação fluir. Precisam ser orientados o tempo todo. Durante uma atividade em grupo, dificilmente é possível unir o grupo, fazê-los pensar em unidade. São competitivos ao extremo. Não há mais iniciativa, nem liberdade de pensamento. Todos eles ficam mais preocupados em se expor ao ridículo, em expressar seus sentimentos, em não fazer o que pedido com exatidão, do que simplesmente, permitir que a criatividade natural  resolva a questão.
Fico seriamente preocupada com esse comportamento. O que será do nosso futuro com uma geração tão focada na razão e sem propósitos coletivos?
individualismo
Mark Ryden
Em uma das minhas aulas, propus aos alunos, que fechassem os olhos e deixassem o lápis correr pelo papel livremente, seguindo a velocidade dos pensamentos, dos sentimentos. Eles simplesmente não conseguiam. Não deixavam o lápis fluir, não conseguiam permanecer com os olhos fechados, tentavam dar formas, nomes. Sentiram-se muito incomodados com essa exposição. Quando finalmente, eu consegui convencê-los a se soltarem, uns até extrapolaram no s rabiscos. Feito isso, pedi que procurassem formas conhecidas naqueles riscos aleatórios. Eles se diziam incapazes de ver qualquer coisa. Sugeri que procurassem formas, como se procura nas nuvens, a maioria desconhecia esse tipo de brincadeira, ou dizia que isso era coisa de criancinha, chegando até a zombar da atividade. Após serem instruídos um a um, onde eu iniciei a busca, pouco a pouco, eles foram se entregando ao exercício, ficando muito felizes quando encontravam uma forma sozinhos.  Detalhe: esses alunos têm em média 7 ou 8 anos de idade!
agressividade
Mark Ryden
Nós, como pais, temos uma grande parcela de culpa nesse problema. Passamos a exigir das crianças, que se esforcem para serem os melhores, pois na sociedade atual, não há espaço para quem é mediano. Algumas mães  não aceitam, que seus filhos estejam fora desses padrões.  Enchem as crianças de atividades, que "os prepararão para o futuro". Exigem que a escola antecipe fases, apresentando atividades complexas e cobrando da criança esse comportamento maduro. 
barbie
Mark Ryden
Há uma grande contradição na nossa sociedade.  Leis são impostas aos pais para ditarem como devem tratar seus filhos, punindo a repreensão física, devido aos traumas que a agressão possa causar no futuro, mas não questionam as sérias consequências dessa maturidade precoce. E esses danos já são visíveis agora:  dificuldade de relacionamento com a própria família e consigo mesmo, depressão, dificuldades de aprendizado e comportamento, falta de entusiasmo, distúrbios alimentares, dependência química e doenças psicossomáticas. 
tecnologia
Mark Ryden
Acredito que, ao mesmo tempo que trouxe tantas facilidades, a tecnologia também nos afastou uns dos outros. Essa nova tendência de recolhimento cria essa dificuldade de relacionamento. Estamos pouco a pouco perdendo a consideração pelo próximo. A sensação é de que estamos retrocedendo em nossa evolução, agindo como animais ensandecidos e cruéis. Estamos ensinando nossas crianças a seguirem esse exemplo de comportamento.
criatividade
Jan Von Holleben
Quem ainda não tem filhos, pode achar que não tem nada haver com tudo isso. Mas, não se engane. Todos nós servimos de exemplo para as futuras gerações, e a maneira como agimos hoje, certamente refletirá na nossa sociedade de amanhã. 
Libere as amarras desses podres padrões. Permita-se imaginar, criar e expôr seus sentimentos. Não se aborreça por não ser tão bom nisso ou naquilo tanto quanto seu colega é. Coloque-se  no lugar do outro antes de agir. Respeite as dificuldades alheias e as próprias. Antes de apontar os defeitos dos outros, reconheça os seus. Cultive, exerça e divulgue a gentileza. Ainda dá tempo de mudar essa realidade, que só nos afugenta dentro de nós mesmos. 
imaginar
Jan Von Holleben

"Imagine o filho que você quer ter, para imaginar o pai que você deve ser" Moisés Doxos

3 comentários:

  1. SAbe o que tenho notado?
    Que a tecnologia e a comunicação se faz de um modo tão rápido e há tantas exigências diferentes, tantas tarefas para fazerem em tão pouco tempo, que hoje, falta a PACIÊNCIA, o treino para a observação (que requer paciência e tempo para a mesma ação), concorda?
    A criança de hoje diz que não sabe abrir o presente que recebe( porque tem pressa!), nem tenta descobrir como desfazer o laço, não tem tempo para dedicar ao descobrir os desenhos que as nuvens formam, não tem tempo para inventar brincadeiras, porque os adultos e as escolas estão lhes dando tantas tarefas, que tudo tem que vir quase pronto, ou não terão tempo para terminar nada! É isto que tenho visto e isto me assusta muito, porque se os deixarmos sòzinhos em alguma situação sem todos os recursos à sua mão, demorarão muito tempo até confiarem em que poderão descobrir as saídas por si, com criatividade, se puderem tentar exercitar isto!!
    Beijos, Vera.

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  2. Marcinha, minha amiga querida!!!
    Que texto ótimo! Realmente as crianças de hoje estão cada vez mais dependentes e sugestionadas ao consumo tecnológico. Televisão, já não apresenta mais desenhos com a qualidade de antigamente, exceto um ou outro canal com programação específica. Desenhos hoje incitam à violência e à essa competitividade. Ensinam crianças a serem heróis, mas não mostram o princípio da valentia e bravura. Meus filhos são, graças a Deus e talvez um pouco pela minha forma de enxergar a vida, considerados "bobões" na escola e entre os amiguinhos, pois eles ainda vivem a sua fase de criança e não se incomodam em ver formas nas nuvens e graça no palhaço do circo. Prefiro assim, amiga...meus filhos crianças do que precoces mentes perturbadas.
    Cabe sim aos pais oferecer uma disciplina, mas respeitando o tempo de cada um. Eu, como pregadora fervorosa do respeito as diferenças, não posso aqui, justo com os meus filhos, não ensinar que é dessa forma que cada um contribui com o mundo...mantendo a sua própria personalidade e respeitando a sua individualidade.
    Grande beijo, minha querida!
    Jackie

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  3. Marcia, o meu comentario aqui sumiu, pq na hora de salvar o Firefox travou e fechou! Tá no dihitt!

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