Samba de chocolate

A Páscoa se anuncia. Muita gente acredita tratar-se de uma sexta-feira sem comer carne e um domingo cheio de chocolate, com um feriado prolongado no meio.

O mais tradicional é retratar a Páscoa como a ressurreição de Cristo após a crucificação. Para os judeus, a comemoração da libertação e fuga do seu povo do Egito. Porém, principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera.

Não importa a crença ou a origem dessa data ou de outras datas comemorativas, pois elas possuem um significado muito maior, que o comercial e a religião pregam.

imagem: Art Deco

Nós precisamos de datas e marcos. Como iniciar mudanças e fazer reflexões sem elas? Como avaliar a que ponto chegamos e onde somos capazes de ir, sem um marco, um inicio, um ritual?

Fazer do Natal um tempo para pensar no próximo. Um chance de recomeçar sendo melhor a cada Ano Novo. No Carnaval podemos tirar a fantasia de nós mesmos e desfilarmos despidos de pudor e medo. Na Páscoa acreditamos que não importa a dor a que somos submetidos, haverá nosso momento de glória, de ressurgir e elevar-se, saindo fortalecido e iluminado.

A meu ver, datas comemorativas foram a solução encontrada por nós para compartilhamos nossas descobertas diante da vida. Um dia para que todos possamos reconhecer nossa origem e semelhança.

Como temos o péssimo hábito de crer somente naquilo que é palpável e que possa ser explicado por nossa razão, essas datas servem como exceções a regra da necessidade da lógica para tudo. Todas essas datas dão a todos nós, crentes ou não a qualquer religião, a igual oportunidade de compartilhar, refletir e comemorar o simples fato de estarmos vivos, mesmo que você nem pense sobre nada disso.

Partindo do pressuposto que você nem pense sobre a Páscoa ou Carnaval e que prefira pensar em  chocolate e  samba, o fato é que eu e você partilhamos do mesmo desejo (além do chocolate!): ser feliz hoje e sempre.