Preguiça Juvenil | Mamãe Recomenda

10 de maio de 2010

Preguiça Juvenil

Nos  anos 80 o sucesso do grupo Ultraja a Rigor, "Inútil", antecipava o comportamento dos jovens do século XXI.
Hoje, ao pedir para filha de 11 anos varrer o quintal, ela a fez um escarcel,  chorou como se eu tivesse lhe aplicado a maior das torturas e fui obrigada a ouvir a seguinte desculpa: "Minha professora falou que criança não tem que trabalhar, tem que só brincar! É contra a lei fazer as crianças trabalharem, sabia?!"
Eu nem discuti o comentário com ela, porque  o sangue me subiu à cabeça, fazendo aquela veia do pescoço saltar e a pestana tremer numa convulsão localizada!
Que mundo é esse???? Onde as crianças aprendem desde cedo a serem encostadas??? Os jovens de hoje parecem sofrer de alguma doença terminal!
Desde os 7 anos, minha mãe me fazia lavar louça, passar aspirador, limpar o carpete e mais uma porrada de coisas - confesso, eu me sentia a própria Cinderela, só que com a mãe malvada! - mas, eu tinha que fazer e fazer direito, com punição de começar tudo de novo!
 Conheço muita gente, que começou a trabalhar antes dos 12 anos! E não morreu, nem ficou com sequelas terríveis! Acho que as leis, a educação e um monte de gente hipócrita tem conduzido os jovens por esse caminho. Não sou a favor do trabalho escravo infantil, mas já cansei de ver notícias de pais sendo punidos porque seus filhos estavam trabalhando no negócio da família ou algo assim. A verdade é que trabalhar nunca fez mal a ninguém! Mas hoje é crime fazer seus filho entender, que as coisas não caem do céu, e que existe um monte de coisa chata pra caramba, que precisa ser feita, mesmo que a gente não goste!


Eu conheço uma mãe, que foi advertida pelo Conselho Tutelar, pois o filho reclamou na escola, que não podia levar lição de casa, pois a mãe o ameaçava e ás vezes batia, quando ele não fazia a lição na hora que ela queria. O fato é que o filho, com 13 anos, é um vagal de primeira, só quer jogar futebol e video game! Aliás, essa é a desculpa da maioria, que será jogador de futebol, então não precisa estudar! Nem obrigado a estudar eles são! Mesmo porque, num país onde não há essa exigência nem para os governantes, fica difícil convencer os jovens a estudarem!
 E desde quando um marmanjo de 15 anos é criança? Alguns lideram  até quadrilhas de assaltantes, porque não podem trabalhar??? Eita, que minha veia tá saltando no pescoço de novo!
(Imagem Cinderela: O Globo  
Leia essa matéria da Revista Veja: "A gente somos inútil." , que fala sobre esse problema crônico e sério, pois trata-se do povo, que herdará toda essa zona aqui!
  
A gente somos inútil

Craque no computador, o adolescente classe média não faz nada em casa nem quer fazer - Aida Veiga
 

Um ser de exigências principescas, concentração ultra-seletiva e pouquíssima habilidade prática repousa em berço esplêndido nos lares da classe média brasileira: o filho adolescente. De tanto viver cercada de empregada, motorista, pai que trabalha muito e mãe mais ocupada ainda, a garotada se espanta com atividades que nunca, em tempo algum, requereram grande prática ou habilidade. Apresente-se ao garoto uma manga e uma faca, e ele desiste e pega um chocolate. Coloque-se diante da menina agulha e linha, e ela embatuca: como é mesmo que uma encaixa na outra? Isso, sem falar nas tarefas que são chatas mesmo, como cuidar da própria roupa, arrumar o próprio quarto e enxugar o próprio banheiro. "Não faço nada em casa", assume Daniel Bushatsky, 15 anos, aluno do 1º colegial do Colégio Santa Cruz, em São Paulo. "Acho mais importante estudar e conseguir um bom emprego para poder pagar empregada do que aprender a passar roupa." E mamãe, o que acha disso? "É culpa minha, que nunca tive a iniciativa de ensinar", diz Mônica, 42 anos. "Para dizer a verdade, quando eu casei não sabia nem fazer café."
Daniel tem um irmão gêmeo, André, com certa noção dos mistérios domésticos, que o salva nas emergências. "Se preciso abrir uma lata, chamo o André", diz. Sim, porque, quando se empenha, adolescente é gente que faz. Ninguém desvenda mais rápido um computador, um videogame, uma agenda eletrônica desde que o objeto seja seu, ou de seu individualíssimo interesse. No mais, é sombra e Cola-Cola fresca, para agüentar horas vendo televisão e intermináveis conversas ao telefone. E se a fome bate justo na hora em que a empregada saiu e a mãe está no trabalho? A saída costuma ser biscoito, cereal, pipoca (de microondas) ou, no máximo do esforço físico, um sanduíche. Fruta não, que dá trabalho. "Nem levanto do sofá para pegar", relata o paulista Rodrigo Ghattas, 16 anos de muita mordomia. Rodrigo nega que não faça nada faz sim, "quando precisa". Por exemplo, se está na rua e não tem carona para casa, toma a iniciativa e pega um ônibus. A mineira Joana Rodrigues, 15 anos, é outra que considera que tem uma função doméstica importantíssima. "Sou a secretária da casa: atendo a todos os telefonemas. Sei que são para mim mesmo", diz, expondo o intenso apego ao telefone esse objeto que funciona quase como uma extensão do ouvido dos adolescentes. 
"Nem o passarinho" "Eu sinto muita preguiça de fazer as coisas", resume a paulistana Fernanda Lepore, 15 anos. Muito satisfeita com o que chama de "serviço de primeira" de sua casa, ela vai para a escola de carro, com o padrasto, e a empregada leva as refeições no quarto (veja quadro). "A maioria dos adolescentes não faz nada em casa mesmo", constata a psicóloga Fátima Trindade, orientadora pedagógica do Colégio Santa Maria, de São Paulo. "Eles querem receber tudo pronto, sem mexer uma palha." Ou, como admite o carioca Bruno Caiuby, 17 anos, mestre em fazer sanduíche e deixar tudo prato, talheres, ingredientes em geral em cima da mesa para alguém arrumar: "Eu só ajudo a bagunçar". A mãe, Heloísa, releva. "Prefiro fazer tudo em casa a ter preocupação. O mais importante é que ele dê satisfações, ligue quando vai chegar tarde, diga sempre onde está, e nisso ele é muito atencioso. Nos dias de hoje, isso é que vale", diz, repetindo um argumento comum aos pais de adolescentes.
Querer escapar do batente doméstico, eles sempre quiseram. Não é de hoje que adolescente reclama como jogador pego em falta no campo cada vez que é chamado a pôr a mesa do jantar. A diferença é que atualmente, sem a mãe por perto para exigir e com empregados freqüentemente à mão, serviço doméstico é coisa expurgada do currículo da garotada. "O adolescente não tem mais aquela ânsia de ser independente", avalia o pediatra e terapeuta Eugenio Chipkevitch, diretor do Instituto Paulista de Adolescência. "Em geral, ele não está mais preocupado em mudar o mundo, e sim em entrar na faculdade e ganhar dinheiro." A educadora paulista Rosemeire Cameron concorda. "Com 12, 13 anos, eu tinha tarefas semanais, como lustrar o piano e cuidar do cachorro", suspira Rosemeire, 40 anos, mãe de Pedro Henrique, 14, Carolina, 13, e Rafael, 7. "Meus filhos não cuidam nem do passarinho." Carolina, a única menina, reclama se é convocada a ajudar com a louça nos fins de semana, ocasião em que a empregada está de folga. "Nunca me ofereço para essas atividades domésticas", diz. "Só faço quando me obrigam." Ou seja: raramente, porque, diferentemente de sua própria e exigente mãe, Rosemeire prefere nem pedir para evitar desgaste. "Já negocio tantos problemas com eles. Não quero ter mais um", alega. "Sei que é comodismo, e claro que me cansa, mas acabo fazendo tudo sozinha."
Reclama, mas faz A grande desculpa dos adolescentes para sua inutilidade doméstica é o excesso de atividades no dia-a-dia. Às vezes, ele é ocupado mesmo, como é o caso da ex-chiquitita e hoje atriz global Fernanda Souza, 14 anos, que não põe a mãozinha na arrumação do quarto. "Trabalho tanto que, quando tenho uma folguinha, durmo", confessa. Já Nina Moreira Vieira, 15 anos, única filha da atriz Angela Vieira, esgota as energias estudando e jogando vôlei. A mãe, conformada, só interfere a partir do momento em que a bagunça ultrapassa a porta do quarto. "Aí não dá isso me deixa fora do prumo", rebela-se Angela. Mas, afinal, é melhor brigar ou aceitar que o quarto é dela e fica como ela bem entender? "O quarto é o espaço deles, onde têm o direito de fazer o que quiserem. Mas claro que, quando a bagunça extrapola os limites, é preciso impor ordem", recomenda a socióloga e psicóloga carioca Sonia Ribeiro. A regra geral é que pais indulgentes terão rebentos folgados e, depois de tortos, não adianta querer endireitar os pepininhos. "Se os pais não ensinam os filhos a, desde cedo, arrumar os brinquedos e lavar o copo, mais tarde vão ter dificuldade para impor essas tarefas", afirma a psicopedagoga Marília Coppoli Dias, orientadora educacional do Centro Educacional da Lagoa, no Rio de Janeiro. Orgulhosíssimo de seu feito, o roqueiro Pepeu Gomes, separado há onze anos da cantora Baby do Brasil, ex-Consuelo, com quem tem seis filhos, não deixa que os dois ainda adolescentes (Krishna Baby, 15 anos, e Kryptus Rá, 14) se comportem no seu apartamento como fazem na casa da mãe. "Lá, eles bagunçam à vontade. Na minha, têm de fazer a cama e ainda ajudam a cozinhar", garante. O segredo, segundo ele, é o exemplo. "São adolescentes como todos os outros: folgados, que não gostam de fazer nada. Mas, como sou um sujeito muito organizado, exijo que me respeitem."
As mordomias da classe média brasileira, ancoradas na fartura de mão-de-obra doméstica ainda barata, adubam o terreno onde viceja a preguiça juvenil. "Não é por acaso que os adolescentes americanos e europeus têm um comportamento diferente", analisa Sonia. Por diferente, entenda-se: eles também não gostam e reclamam, mas fazem. "Em países onde não existe empregada para cuidar da casa, todo mundo participa desde sempre e sabe que é importante." O paulista Rafael Bitancourt Craveiro de Sá, 16 anos, foi para os Estados Unidos recém-nascido e voltou com 9 anos. Aos 6, já fazia a cama e limpava o jardim. Atualmente, adianta o jantar enquanto os pais não chegam do trabalho, troca os botões das próprias roupas e, para escândalo dos amigos, preferiria não ter empregada. "Eles nem imaginam como é bom não precisar de ninguém", diz Rafael. 
Esperar passar Não é só dentro de seus domínios que o jovem brasileiro é folgado. Uma pesquisa com adolescentes de seis capitais feita pela CPM, empresa de consultoria de São Paulo, mostrou que, em cada três, só um é capaz de fazer compras no supermercado. Assim mesmo, com restrições. "Eu até vou à padaria ou ao mercado comprar coisas para mim. Mas para a casa, não", explica o carioca Thiago Almeida de Queiroz, 16 anos. Tudo a ver com o adolescente típico, que, na definição do pediatra Chipkevitch, "é egocêntrico e está mais voltado para o bem-estar dele do que dos outros. É muito difícil negociar as normas da casa porque o adolescente é naturalmente indulgente consigo mesmo". Aos pais que não querem travar uma batalha hercúlea contra seus enfants gâtés, o que resta fazer? "O melhor mesmo é esperar a fase passar. Ele acaba percebendo que a vida não é assim", resigna-se Chipkevitch. Enquanto isso, para quem não suporta bagunça, é pegar roupa no chão, enxugar a pia, guardar coisas na geladeira, tampar a pasta de dentes. Como consolo, a expectativa de que, um dia, já adultos e chatos, eles também serão pais de adolescentes. Aí... 
Os talentos e as inaptidões do jovem bem de vida

Ele sabe

Ele não sabe

preparar sanduíche, ovo mexido e macarrão instantâneo atender ao telefone arranjar carona para sair a passeio arrumar a mochila fazer a cama, se obrigado instalar aparelhos eletrônicos (só os seus) instalar programas de computador (só os que lhe interessam) arranjar carona para a escola e o curso de inglês descascar fruta abrir lata enxugar o banheiro depois do banho colocar a roupa suja para lavar pendurar as roupas arrumar a mesa do jantar pôr a tampa na pasta de dentes
Fonte: Revista Veja / Imagem: O Globo

3 comentários:

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