Conto de Fada que educa pais e filhos

Dando continuidade aos meus devaneios filosóficos baseados em filmes, recomendo um filme de terror infantil, não daqueles que seu filho vai ter medo de dormir com a luz apagada, mas daqueles em que a moral da história ensina, educa.

 Nesse mundo doido, que a gente vive, o tempo é curto demais. Os pais que trabalham fora, carregam uma imensa culpa por não poderem dar aos filhos a atenção, que eles necessitam. E mesmo as mães, que ficam em casa, não têm tempo para isso. Entendendo que oferecer tudo o que o filho quiser, e o que não foi dado para nós quando éramos crianças, é a melhor maneira de suprir a ausência na vida dos pequenos, criou-se um problema sério de comportamento. As crianças mandam nos pais, que para não repetirem o modelo de criação, que eles tiveram, não sabem como agir diante da tirania das crianças, que estão virando jovens violentos, preguiçosos e egocêntricos.
Coraline e o mundo Secreto é o tipo de filme, que pode muito bem ser usado como lição de moral para pais e filhos.
Definitivamente, não é um conto de fadas da Disney. Mas, como os melhores contos de fadas, são sempre assustadores, esse se enquadra no tipo de conto, que ensina no susto. O filme é dividido em duas partes, uma um conto de fadas propriamente dito, onde os sonhos se realizam, depois como esses sonhos  viraram pesadelos.
A jovem Coraline Jones (Dakota Fanning) se muda para uma nova casa com os pais, que são escritores. Concentrados na produção de um novo livro, os pais estão constantemente escrevendo e chamam a atenção de Coraline, por causa de suas interrupções constantes. Chateada com a falta de atenção dos pais, ela resolve explorar o novo lugar e acha uma porta, que leva para um outro mundo, muito parecido com o mundo real, mas diferente. Nesse mundo, os pais são amorosos, atenciosos, apesar da assustadora aparência da mãe perfeita, que tem botões no lugar dos olhos.
A menina sente-se muito feliz por ter finalmente encontrado um lugar onde todos realizam seus desejos e lhe dedicam exclusiva atenção.
Jogando com a tática clássica de tentações, a Mãe tenta convencer Coraline, que esse mundo é o melhor para ela. Isso coloca um desafio interessante: o amor de uma criança por seus pais, simplesmente baseado no "sim", que os pais oferecem.
Também brinca com a questão da boneca. Coraline tem uma boneca de pano, que ela trata como gostaria de ser tratada, mas quando é oferecida a oportunidade dela se tornar essa boneca, a coisa muda de figura! 
Nesse ponto, que o filme revela-se um conto de fadas moderno. Qualquer criança quer ser mimada, eu quero ser mimada até hoje, mas temos que compreender que os nossos pais têm obrigações, compromissos, têm que trabalhar para viver e nos prover. A moral aqui não é a epifania da família à moda antiga, de colocar o amor acima de obrigações, é realmente o contrário, uma lição de auto-sacrifício. É a família com pensamento moderno e dinâmico, um compromisso entre pai e filho. O filme é uma forma direta de mostrar as crianças, o horror que pode existir  num mundo onde você sempre consegue o que quer.


É sensacional. Sucesso garantido entre os pequenos e entre os grandes também!